sábado, janeiro 08, 2005

 

Questão prévia

Hoje fiz uma viagem de expresso de três horas e passou me na cabeça escrever um post sobre desemprego, chegado a casa para minha alegria vejo que o Nuno se antecipou mas de uma forma um pouco distinta no pensamento. O desemprego é para mim talvez a questão económica mais fascinante e enquanto estudante de economia é uma das questões mais esquisitas e digo o porque precisei de chegar ao segundo semestre do terceiro ano para ouvir falar de desemprego! Até ai era tudo teorias de pleno emprego quer nas versões neoclássicas ou nos modelos mais sofisticados dos Chicago Boys. O desemprego é talvez a prova máxima da ignorância dos economistas, não que ele não seja estudado que o é e muito (embora não pelos estudantes de licenciaturas) mas todos os modelos que li (fora de aulas) parecem me insatisfatórios quanto à explicação do desemprego involuntário. Muitos dos modelos entram no caminho mais facil que é assumir que existe pleno emprego (ou que não existe desemprego involuntário) e ai a economia torna-se num exercicio futil (hei de por uma citação do Keynes sobre isto) porque é dizer que não existe problema nenhum apesar de essa conclusão nascer de que assumimos que não existe problema nenhum!
O problema nasce da questão prévia do que é o desemprego? Para os Chicago Boys e para os que decoram a sua cartilha alguem que não aceite um salário de um cêntimo/hora só se pode culpar a si própria por estar no desemprego. É ridiculo, tal como é ridicula a proposta do Robert Lucas de eliminar a expressão desemprego involuntário dos dicionários económicos. Quanto às questão da definição de desemprego aceito mais uma perspectiva de Keynesiana que diz que alguem se encontra em desemprego involuntário quando não encontra um emprego com um salário identico ou semelhante ao salário vigente no mercado para as suas qualificações/aptidões. O desemprego existe e nem é preciso falar de 1929 basta olhar para europa e ver as diferentes taxas mesmo quando descontadas das caracteristicas do mercado de trabalho e se há prova de economistas sentados em torres de marfim são aqueles que advogam a inexistência de desemprego involuntário.

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