sábado, janeiro 22, 2005

 

Mijar fora do penico - Assuntos "demasiado complicados"

Ao falar de Igreja estou a fugir aos temas mas já o fiz uma vez e como é falado num outro blogue economista resolvi comentar algumas posições. Refere-se que acerca da igreja que "Este é um assunto demasiado delicado para se discutir em conversas de café" e eu sempre suspeitei desses assuntos demasiados delicados, ao principio a politica era demasiada complicada para ser discutida por toda a gente, depois passou por ser demasiado complicada para ser discutida pelas mulheres, ainda continua a ser demasiado complicada para ser discutida pelos jovens. O que me faz confusão é não perceber quais são os critérios da complicação. Quem os define? E é o café desprezível? Creio que infelizmente cada vez se discute menos nos cafés e que saiba sempre foi de grande tradição discutir temas "complicados" em café. Também não consigo compreender porque tenha de ser a fé um assunto "demasiado complicado", as vezes ao falar com alguns padres falam me dos doutorados em teologia e que passam anos a estudar esses assuntos. E depois? Não existem doutorados em economia, política, relações internacionais e mesmo futebol? Fala-se também da questão da infalibilidade, compreendo que tenha de existir uma base mas a própria base tem de ser discutida eu então desculpem as eucarísticas ainda eram de cu virado para as pessoas e não me refiro só fisicamente mas também nas preocupações litúrgicas. Fala o Luís também de uns católicos contra o catolicismo, a expressão é tão ridícula e descabida que só me faz lembrar quando à críticos nos partidos comunistas e estes logo são acusados de serem contra a doutrina. O engraçado é que cada vez mais encontro mais semelhanças entre os partidos comunistas e a igreja.

 

Algumas notas sobre os meus erros

1. Errei na tradução...
2. " Se não receio o erro é porque estou pronto para corrigi-lo" Bento Jesus Caraça, aplica-se.
3. O sentido do post mantem-se por isso (e por não ter vergonha dos meus erros) vou deixa-lo ficar.
4. Não respondo a provocações pueris


sexta-feira, janeiro 21, 2005

 

Não toquem em nada

Fiquei de certa maneira chocado com um titulo de uma conferência a realizar no ISEG, é qualquer coisa como " a marcha para a sociologia económica", ou seja andamos aqui há mais de duzentos anos e à luta uns com os outros a tentar criar uma ciência séria e agora chegam os sociólogos e querem desarrumar a casa? Estragar isto tudo é que não, por mim podem passear pelas faculdades de economia, podem falar de economia (ou o que eles pensam ser a economia), mas por favor não toquem em nada...

PS: Um bom truque para um economista quando se sente desanimado é lembrar-se que podia ter sido sociólogo

quinta-feira, janeiro 20, 2005

 

É pena

A Igreja Católica espanhola através da conferência episcopal causou espanto ao admitir o uso do preservativo como método preventivo. A noticía espanta por o facto de a conferência episcopal tomar uma decisão correcta causar algum tumulto. No entanto a má noticía chega agora, estranhamente rectificou a posição. Obviamente trata-se de uma ordem hierarquica superior, o que me entristece bastante. São atitudes destas que marcam definitivamente o pontificado do João Paulo II (ou será do Joseph Ratzinger)como um pontificado de desilusão, desde já à algum tempo que o Vaticano merece uma nova revolução, uma revolução de veludo por parte dos leigos e dos verdadeiros ministros da fé. O Concílio Ecuménico Vaticano II já fez mais de quarenta anos e as reformas não foram levadas a cabo, no entanto um novo concílio ecuménico é urgente. É que como católico já estou farto de ter de explicar que não defendo a "cartilha" ditada por uns ultra-conservadores.


 

Um pouco de etimologia das etiquetas

Ideologicamente não tenho medo nem vergonha de me afirmar social-democrata (não confundir com o PSD). Se bem reparo é a junção de duas palavras "social+democrata", como não podem assim os sociais-democratas não respeitar e admirar a democracia? São os EUA uma melhor democracia do que os paises nórdicos? São regras eleitorais que permitem forças de bloqueio regionais democráticas? São regras eleitorais que permitem um chefe de estado ser eleito apesar de ser menos votado regras democráticas? O Nuno tantas vezes me acusou de não gostar da democracia que pensei que estavamos a falar de coisas diferentes, pelo que fui consultar o dicionário:

"s. f., sistema político fundamentado no princípio de que a autoridade emana do povo (conjunto de cidadãos) e é exercida por ele ao investir o poder soberano através de eleições periódicas livres, e no princípio da distribuição equitativa do poder"

A minha definição de democracia está de acordo com esta.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

 

Sobre a liberdade individual

São realmente as sociais-democracias estados opressivos em que os individuos se vergam perante um estado que muitas vezes é apresentado como um monstro das bolachas? Penso nos verdadeiros casos de liberdade individual; interrupção voluntária da gravidez, uniões de facto (heterosexuais e homosexuais), casamentos (heterosexuais e homosexuais), eutanásia. Onde foram estes direitos ganhos em primeiro lugar? Não me parece que seja nas Mecas do liberalismo onde existe uma moralidade hipócrita.

 

Ah a China....Ah os EUA...Ah a Inglaterra...Ah a Irlanda...

Enquanto estudava para Economia da Educação lembrei me de postar aqui um ranking agora que eles estão tanto na moda.

Índice de desenvolvimento humano - 2001

1.Noruega
2.Islândia
3.Suécia
4.Austrália
5.Holanda

Notam algum padrão? Eu sim...

 

O horror da contabilidade

Muitas vezes quando digo que estudo economia surge a mesma piada-tipo "Então quando eu for muito rico vais tratar das minhas contas..." já perdi as vezes que levei com esta ofensa, e das vezes que expliquei que economia não é contabilidade. É que chateia, logo a mim que detesto contabilidade.

terça-feira, janeiro 18, 2005

 

Só para relembrar - por causa das etiquetas

O tema é recorrente, o Nuno volta e meia chama-me Keynesiano, da última vez meteu só um K (custa-te dizer o nome?!).

Fique bem claro, não sou Keynesiano (quase reliogisidade como o equilibrio) afinal de contas foi o Keynes que fundou o FMI ...

 

ABAIXO AS "INTERPRETAÇÕES BASTARDAS"!!

Há pouco, enquanto via o noticiário na TVI (esse canal cujo nome me dá naúseas!) deparei-me com uma notícia (era mais um slogan!) segundo a qual, um grupo de "notáveis" economistas - Ferreira do Amaral e João Salgueiro, entre outros - anunciava que Portugal vive a maior crise económica dos últimos trinta anos! Independentemente da veracidade desta afirmação e do sensacionalismo a que este canal de informação já nos habituo, a verdade é que nenhum dos economistas presentes se referiu ao estado actual da economia portuguesa nestes termos. Em vez disso, limitaram-se a repetir a importância do aumento da produtividade e da competitividade da economia portuguesa.
O que me custa a crer é que a luta pelas audiências origine tamanhas impresições e deturpações como esta que referi. A condição económica portuguesa é demasiado importante para ser alvo de interpretações rídiculas como esta. Há que ter em conta que os agentes formam expectativas (erradas!) com base em afirmações deste género!

Uma questão que eu lançava à TVI: será que a tão gravosa crise económica que este canal de televisão apregoa se traduziu nos milhares de SMS que foram enviados para eleger o Rei da Bicharada, esse programa que outros definiram como didático???!!!!

Fica aqui o tópico.

FSS

 

Auto-mentalização

O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe.O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe. O equilibrio existe.
Não dá...Não consigo acreditar, ao menos tentei.

 

Empresa Maximizadora do Lucro ?

Como sabemos a maioria do tecido empresarial português é constituído por pequenas e médias empresas. Estas têm apresentado prejuízos crónicos durante anos. Isto acontece, devido a incentivos que existem (tanto contabilisticos como financeiros) para o(s) indivíduo(s) detentores da firma maximizarem a sua utilidade através desta (comprando automóveis, pagando telémoveis, no fundo tudo o que permita pagar menos IRC e que não ajude a pagar menos no IRS).
As pequenas e médias empresas não maximizam o lucro, mas sim a utilidade de quem as detém!

Desta forma qual o sentido (ou interesse) de analizar os comportamentos das firmas e individuos com pressupostos microeconómicos que não se verificam?

 

Tomei a liberdade

De acrescentar dois links à coluna do lado. A mão invisivel, blog de um economista da minha geração, também ele saido dos bancos do Quelhas (um abraço Paulo!) e, o sitío do NBER que, periodicamente, faz o favor de me deixar uns papers (uns mais interessantes que outros) na caixa de correio.

 

Momento ISEG I - Quando o vinho viola o modelo

Aconteceu me a mim pah! É verdade. Numa aula de introdução à microeconomia no já distante primeiro ano o grande Zorro explica as utilidades marginais decrescentes fazendo um gráfico todo bonito (usando o exemplo dos copos de água) no quadro quando do meio do anfiteatro um aluno (e amigo nosso) pergunta "e se forem copos de vinho?". O professor virou-se, olhou para nós (tinha sido uma pergunta anónima) e disse com ar absorto "realmente se forem copos de vinho..." e na verdade não conseguiu responder.
Mas se pensarem bem o nosso colega tem razão, nos copos de vinho (e na cerveja o mesmo) a utilidade marginal dos primeiros copos não é la grande coisa, so depois de alguns é que aquilo "bate" e isto é mais verdade para quando eramos adolescentes e ninguem gostava das primeiras três cervejas (a quarta já não tinha sabor) e acreditavamos que ninguém gostava de cerveja mas já que toda a gente bebia nós tambem o tinhamos de fazer (será a adolescencia a base da racionalidade limitada?!).

segunda-feira, janeiro 17, 2005

 

É a racionalidade e tal...

"Estou-me a lixar para a função de bem-estar social e o que é que ela valoriza!"
# posted by Nuno Palma : 20:46

 

Pequenas felicidades

Hoje numa conferência do banco de portugal ao apresentar um paper o autor diz que não usa as expectativas racionais pois há muito ja se provaram que elas não existem. Foi novidade para mim (que não se usam, que não existem é intuitivo) e soube tão bem... Na teoria económica ando me a contentar com pouco, qualquer hipótese óbvia(ou aceitável) que o modelo tenha já me deixa feliz.

 

Resposta tardia

Num teu post anterior, criticando a axiomática do consumidor, disseste que a transitividade não se aplicava a ti. Deste um exemplo:"eu prefiro cerveja a vinho e perfiro vinho a vodcka, mas não perfiro, como mandaria a transitividade das preferências, cerveja a vodcka."Eu perguntei-te, e tu não respondeste:"Então se tiveres um copo de cerveja, um de vodka e outro de vinho à frente (e apenas podes beber um, pois o teu dinheiro não dá para mais e o empregado do Bar recusa-se a fazer misturas), tu suicidas-te? Ficas a olhar para os copos?Esperas que alguém decida por ti?Comes amendoins, que preferes a tudo o resto?"Na altura não respondeste. Confesso que estou curioso em saber a resposta.
# posted by Luís Aguiar-Conraria : 17:16

Questão interessante. Acho que me armaria em maluco e escolhia o que fosse que me desse na real gana na altura, o que mais me apetecesse. Se a indecisão fosse muita poderia sempre fazer o pim-pam-pum-cada-bala-mata-um...

 

Em defesa da liberdade II

Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quando não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve a vida parada
só se quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

Sergio Godinho

 

Teoria dos preços falha na zona da estrela

Recentemente o "Público" e a "Visão" aumentaram os preços mas no que parece uma atitude paradoxal a minha procura nesses dois bens não se reduziu tendo inclusivamente subido para o caso da "Visão" (aqui tem a ver com a crónica do RAP) mas o que me parece ainda mais paradoxal é que de há uns dias para cá a partir da uma da tarde não consigo encontrar o "Público" que rapidamente esgota (enquanto que na Select às duas da manhã o DN ainda sobra a montes). Não eram os preços e as quantidades não se ajustavam logo? É que neste fim de semana fiquei em Lisboa e tenho sempre o hábito de ler o "Público" ao fim de semana e não o consegui encontrar numa cidade tão grande simplesmente por ter acordado depois de o meio dia, como justificar?

 

A perversidade de Solow e Ramsey

Analisar o Tsunami ao som de modelos económicos é um exercicio do mais refinado humor, assim segundo o modelo de Solow e o modelo de Ramsey o PIB per capita da ilha de Sumatra vai aumentar exponencialmente, a explicação é simples com a queda populacional o stock de capital por trabalhador vai aumentar grandemente logo aumenta o produto por trabalhador, com melhores resultados aparecem os modelos de RBC que explicam a inevitável recessão como um choque tecnológico negativo. O que não deixa de ter alguma graça na actualidade politica portuguesa pois compreendemos que o que José Socrates quer (o choque tecnologico positivo) é um Tsunami ao contrário.

domingo, janeiro 16, 2005

 

Sudão e Sudoeste Asiático

Toda a gente tem visto nestas últimas semana imagens de tragédia que assolou o sudoeste asiático, a fantástica onda de solidariedade vinda da população mundial e dos governos, o alívio da dívida aos países afectados. É de salutar a resposta imediata (se bem que ainda não transferida para as Nações Unidas e neste campo sou sempre optimista…) dos países do ocidente, onde Portugal se insere.

Acho importante, no entanto, salientar o facto do mundo ocidental ignorar calamidades que podem ser prevenidas e nada ou pouco é feito. Tal foi o caso do Ruanda e agora do Sudão. Poderemos inclusive fazer a pergunta: como é possível que desastres humanitários que podem ser prevenidos não têm tanta solidariedade? E fiquem sabendo que devido a este conflito de Darfur já morreram 70.000 pessoas e que se espera que morram muito mais que as mortes provocadas pelo tsunami. Parece que para já as vítimas do tsunami têm concentrado toda a atenção.

Esta negligência da parte do mundo ocidental é exemplificada pela oposição da China e da Rússia à resolução do Conselho de Segurança, muito provavelmente pelos interesses do petróleo no Sudão. Acrescentando a isto, já repararam que as Nações Unidas suspenderam o fornecimento de alimentos dos quais dependem cerca de 260.000 pessoas!!!! Imaginem só as dimensões da tragédia a curto prazo que se adivinha…

Isto leva-me para um outro tópico… o de criar condições para que outros países se desenvolvam e o papel das relações comerciais para a constante democratização dos países. Este é o caso da China, onde estou seguro que o crescente desenvolvimento económico e a intensificação das relações comerciais trará a democratização.

Como diz a nossa querida Margaret Thatcher “make trade not aid”. Para isso temos que acabar com os desvios de comércio que por exemplo a Política Agrícola Comum (PAC) é um exemplo crasso. Recomendo o livro “A Arte de Bem Governar”.

O mercado é indispensável para a prosperidade. Deixem-no funcionar livremente.

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