sábado, janeiro 08, 2005

 

Insuficiente à pareto

A economia é uma ciência interessante porque mistura aspectos positivistas com aspectos normativos. Não me interessa saber só como as coisas são e como poderiam ser mas também o que podemos fazer e porque o devemos fazer e é nos aspectos normativos que a economia ganha toda a sua graça.
Numa análise da realidade até pode ser que a ausência de intervenção seja eficiente mas a mim não me preocupa só a eficiência mas também a equidade e é nesta relação que um economista deve jogar todo o seu conhecimento. O paradigma actual parece ser de total preocupação na eficiência e tudo porque se baseia que medidas de equidade são inuteis à sombra de Pareto. É defendido que numa afectação "perfeita" (nascida daqueles sonhos todos da concorrencia perfeita) não é possivel melhorar a utilidade de um individuo sem piorar a de outro ou seja que se está num óptimo de pareto. Mas é o óptimo de pareto um dogma? É o unico critério? Porque não se podem fazer afectações que não sejam óptimas à pareto? O critério de pareto é claramente insuficiente e é claramente uma invenção para tentar travar alguns medos de insurgimento. Como pessoa aberta a discussões faz me confusão como certas coisas parecem permanecer inquestionadas e os critérios paretianos são apenas uma delas.

 

Porque é perigoso confiar neste senhor - Volume II



Porque era um velho obcecado, só falava de equilibrio equilibrio e mais equilibrio. Para ele só existia equilibrio e se algo acontecia rapidamente tudo voltava para o equilibrio. Era uma obsessão terrivel mas o pior é que nunca um francês foi tão bem recebido nos EUA e agora também la quase todos os economistas só falam em equilibrios e dinâmicas de equilibrios. Mas o que é o equilibrio? Que forças levam a esse equilibrio? Que raio de ideia essa do equilibrio....


PS: Já agora o senhor é o Leon Walras

Posted by Hello

 

Questão prévia

Hoje fiz uma viagem de expresso de três horas e passou me na cabeça escrever um post sobre desemprego, chegado a casa para minha alegria vejo que o Nuno se antecipou mas de uma forma um pouco distinta no pensamento. O desemprego é para mim talvez a questão económica mais fascinante e enquanto estudante de economia é uma das questões mais esquisitas e digo o porque precisei de chegar ao segundo semestre do terceiro ano para ouvir falar de desemprego! Até ai era tudo teorias de pleno emprego quer nas versões neoclássicas ou nos modelos mais sofisticados dos Chicago Boys. O desemprego é talvez a prova máxima da ignorância dos economistas, não que ele não seja estudado que o é e muito (embora não pelos estudantes de licenciaturas) mas todos os modelos que li (fora de aulas) parecem me insatisfatórios quanto à explicação do desemprego involuntário. Muitos dos modelos entram no caminho mais facil que é assumir que existe pleno emprego (ou que não existe desemprego involuntário) e ai a economia torna-se num exercicio futil (hei de por uma citação do Keynes sobre isto) porque é dizer que não existe problema nenhum apesar de essa conclusão nascer de que assumimos que não existe problema nenhum!
O problema nasce da questão prévia do que é o desemprego? Para os Chicago Boys e para os que decoram a sua cartilha alguem que não aceite um salário de um cêntimo/hora só se pode culpar a si própria por estar no desemprego. É ridiculo, tal como é ridicula a proposta do Robert Lucas de eliminar a expressão desemprego involuntário dos dicionários económicos. Quanto às questão da definição de desemprego aceito mais uma perspectiva de Keynesiana que diz que alguem se encontra em desemprego involuntário quando não encontra um emprego com um salário identico ou semelhante ao salário vigente no mercado para as suas qualificações/aptidões. O desemprego existe e nem é preciso falar de 1929 basta olhar para europa e ver as diferentes taxas mesmo quando descontadas das caracteristicas do mercado de trabalho e se há prova de economistas sentados em torres de marfim são aqueles que advogam a inexistência de desemprego involuntário.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

 

Programas Eleitorais

Depois de uma semana em que as preocupações com quem vai em que lugar nas listas para a Assembleia da República dominaram a cena política, resta uma pergunta: Então e as ideias? Então e os programas?
O Bloco de Esquerda já apresentou as suas "causas"
O PCP já o deve ter preparado (é quase sempre igual..) deve estar à espera da altura ideal para o apresentar
O PS aguarda para dia 22 de Janeiro ( 1 mês antes das eleições...) para o apresentar no decorrer das "novas" fronteiras
A plataforma eleitoral do PSD,PPM e MPT ainda não anunciou data´
O PP vai apresentar no final do mês um elenco governativo

Ou seja, até agora a única coisa que manteve os partidos portugueses ocupada foi a elaboração das listas... Na melhor das hipóteses no final deste mês teremos programas. Mas isso interessa aos eleitores??

 

Questão lateral

Como uma das razões de existência deste blog é o César das Neves (pessoal não temos falado dele!) não posso deixar passar o belissimo conto de natal que o grande guru da economia escreveu, bem como a excelente análise do conto por Ricardo Araujo Pereira.

 

Fundamentos futebolisticos da macroeconomia

Quando estou sozinho em casa raramente vejo futebol mesmo quando joga o Sporting ou o Real Madrid. No entanto quando estou com amigos não falho um jogo e as figuras que fazemos só não as conto porque agora estou sozinho e me parecem exageradas. Ou seja quando vejo futebol com amigos os nossos comportamentos não são a mera agregação dos nossos comportamentos individuais. Percebem a questão? A macroeconomia faz sentido e esse sentido não se resume à agregação dos comportamentos individuais.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

 

Uma achegazinha

O blog anda animado. Muito à custa da polémica constante entre o Paulo e o Nuno. Pela minha parte tenho a agradecer ao Nuno, graças a ele posso agora comparar-me ao grande Keynes. Tambem eu tenho falta de fundamentos micro. É capaz de ser embirração minha, mas quando vejo a axiomática da teoria do consumidor arrepia-se-me a espinha. Falo em concreto do axioma da transitividade. Ora acontece que eu prefiro cerveja a vinho e perfiro vinho a vodcka, mas não perfiro, como mandaria a transitividade das preferências, cerveja a vodcka. Eu admiro bastantate a cultura popular e diz o povo, com muita razão, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita.
Apesar disto não desprezo a importancia da microeconomia, considero-me até um tardiamente convertido aos seus méritos, mas sempre relativizando.

PS: Sempre temos que escrever o texto sobre o iseg? Não vejo ninguem, à excepção do Nuno, a chegar-se à frente.

Tentarei em breve fazer um comentário ao assunto lançado pelo Luis na sua intrevenção inicial.Para já deixo o bottom line: O Compromisso Portugal parece-me tão oco quanto o pensamento polítco do José Socrates, com a agravante de ser tremendamente hipócrita.

 

Não devo ser economista

Vejo noticias económicas e passo logo à frente, mas fica ai porque isto ainda é um blogue sobre economia.

Banco de Portugal revê em baixa crescimento económico de 2005

Mas o que importa é que este fim de semana há derby. Ganha o Sporting?

 

A vida de Zé

O Zé nasceu após uma gravidez de nove meses e com um peso de 3,4 kg. Os dados não parecem ser nada de anormais aliás são a média o que revela o que será a vida de Zé. O Zé tornou-se no primeiro agente representativo portugûes. Aprendeu a fazer Lagrangeanas(método matemático de maximização) com quatro anos, aos seis era ele que ia as compras para casa pois conseguia maximizar muito melhor que o pai que pensava que o cabaz óptimo era de quatro pacotes de leite, três quilos de fruta e dois de pão o que era errado pois o Zé sabia que se trocasse um quilo de pão por um pacote de leite e um quilo de tangerinas maximizava a utilidade da familia! O erro do pai é compreensivel pois ficou-se por Marshall enquanto que o Zé já maximizava segundo Arrow e Debreu. A vida de Zé continuava embora que com alguns problemas, já no segundo ciclo aprendeu o modelo de Ramsey e deparou-se com alguns problemas na substituição trabalho-lazer pois os professores não compreendiam quando ele saia da aula a meio (nesse dia o montante de trabalho óptimo era 27 minutos) ou quando queria ficar na escola depois desta fechar(dias em que o trabalho óptimo era de 9 horas e quarenta minutos). A vida de Zé complicou-se o que prova que a vida de um agente representativo e que maximiza a utilidade não é facil, mas as grandes complicações chegaram nos exames nacionais do 12º Ano onde o Zé teve um 7 no exame nacional de matemática(que é evidentemente a média nacional), assim o Zé não conseguiu entrar no ISEG (pronto a história já foi há uns anos...) assim o Zé que se portava segundo as teorias económicas que conhecia, que maximizava, que fazia trocas, usava a equivalencia ricardiana foi travado. Ele era uma "média", é a injusta vida de ser um agente representativo...

terça-feira, janeiro 04, 2005

 

Direito de resposta e a minha sorte

Antes de sair de férias deixei aqui um post sobre o John Rawls e devo admitir que continha dentro uma provocação implícita ao Nuno. Ele viu e percebeu, mas mordeu o isco nas partes com veneno e para minha sorte mordeu num sitio em que eu avisei que ia acontecer (aversão ao risco). Mas a minha grande sorte foi que o Nuno se quis vingar e deixou um post a criticar o Keynes (o senhor da foto), ou mais precisamente o Keynesianismo (na versão que ele julga conhecer), com argumentos que me ajudam a criticar a resposta dele ao Rawls.
Um critério de justiça para ser realmente de justiça deve ser definido à priori e é essa a beleza do véu da ignorância. E o Nuno mete realmente a pata na poça quando fala da heterogeneidades dos indivíduos, mas reparem como ele no post a seguir critica (alguma) teoria económica Keynesiana por falta de fundamentos microeconómicos. Que fundamentos são esses? Por acaso não serão aqueles do agente representativo? Espera... Vou pensar... Pois é...É desses que ele fala, engraçado...Muito engraçado, é que tenho alguma dificuldade lógica em perceber heterogeneidades quando falamos de agentes representativos (quem são eles? Se alguém conhecer um agente representativo avise me que eu gostaria de o conhecer). O Nuno critica a hipótese da aversão ao risco (e eu adivinhei que tal pudesse acontecer) o que é no mínimo surreal e contraditório porque a aversão ao risco é um elemente constantemente presente na teoria económica principalmente naquela que o Nuno tanto gosta, a “com fundamentos microeconómicos”. O Nuno tenta a seguir introduzir um raciocínio tirado tipo “copy and paste” dos modelos de Real Business Cyles mas quem lê a explicação dele logo detecta alguma falha grave nesse modelo nomeadamente nos “fundamentos microecnómicos” tão amplamente gabados. Alguém faz oferta de horas de trabalho? Eu penso “hoje trabalho doze horas, amanhã sete horas e meia e depois vinte sete minutos”? Era uma solução perfeitamente plausível segundo o dogma dos “fundamentos microeconómicos”. O problema ao debater alguns problemas económicos surge da mistura de características normativas e positivas (o que não deve acontecer noutra ciência) e também de algumas atitudes clubisticas/dógmaticas como a que o Nuno me pareceu transparecer no seu ultimo post. Na ciência eu não tenho clubes nem dogmas, apenas ideias que me ficam e marcam, o véu da ignorância é uma delas.

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