sexta-feira, janeiro 14, 2005

 

A nossa administração pública

Surpreendentemente, após um estudo encomendado, descobriu-se que 65% dos funcionários públicos faz trabalho em duplicado (pensava que era só 50%).

Finalmente é efectuado algo minimamente quantificável para termos a noção do que o próximo governo terá em mãos e para que é que estamos (ou estaremos) a descontar do nosso ordenado. Mais interessante é saber que apenas 1/3 do trabalho efectuado é dirigido aos cidadãos (os restantes 2/3 são dirigidos aos próprios funcionários públicos). Mesmo que estes números estejam enviesados por ter sido um estudo encomendado pelo governo PPD/PP, a verdade é que os resultados são de uma magnitude bastante elevada. Com a Administração Pública a aderir às novas tecnologias de informação sem dúvida poderemos ter mais e melhor com menos!

São números que dão que pensar numa altura que é urgente uma reforma séria da Administração Pública. Com ou sem pacto de regime é necessário começar a fazer alguma coisa e não desistir à partida porque é complicado ou difícil.
P.S. Podem utilizar os comments para irmos reunindo algumas propostas concretas.

 

Eu fui!

Sempre fui ao fórum (?!?!) Novas Fronteiras, e quanto aos pontos que referi nas minhas expectativas devo dizer:
1.Havia bolinhos e daqueles de miniatura que eu pedi
2.Para minha sorte havia sumo de laranja natural
3O primeiro pedido não satisfeito, não houve canetas de borla
4.Ofereceram uns blocos graficamente aceitáveis mas eram quadriculados e tinham poucas folhas
5.Não ofereceram pastas, pelo menos a mim de certeza que andaram a oferecer pastas mas não daquelas que eu queria
6.Tachistas marcaram a presença é obvio
7.Não houve debate interessante mas ainda se aproveitaram algumas apresentações

Mas o grande acontecimento foi no metro ao termos encontrado o César das Neves na estação da cidade universitária!

 

Lugar comum

Muitas vezes nos debates depois das aulas acabamos sempre por falar da Suécia, o Nuno usa sempre o argumento da vez que falou com uma Sueca...E usa outros, como que a Suécia esta a rebentar pelas costuras, fico feliz por ver aqui um post que mostra que o mesmo argumento era usado há quase vinte anos, afinal só mostra que está errado hoje ainda mais do que há vinte anos.

PS: Realmente é uma coincidência porque ainda ontem a ultima conversa de pateo no ISEG foi sobre a Suécia

quinta-feira, janeiro 13, 2005

 

Eu vou!

Sei que vou ficar marcado mas aviso que amanhã vou às "Novas Fronteiras" e eis as minhas expectativas:
1.Bolinhos (daqueles em miniaturas era bom...)
2.Sumos (de laranja e natural sff!)
3.Canetas (que durem algum tempo...)
4.Blocos de folhas (podem ter simbolos da actividade mas do PS não por favor)
5.Pastas (já estou a sonhar...)
6.Tachistas a sorrirem e a darem abraços (previsão perfeita)
7.Debate interessante (já estou a delirar...)

 

Opinião Pública

Facto curioso: No programa "Opinião Pública" de hoje na Sic Noticias o único espectador que telefonou manifestando a sua oposição à decisão presidencial de destituição da Assembleia, expressando a sua solidariedade para com o governo Santana Lopes, foi um técnico de marketing...

quarta-feira, janeiro 12, 2005

 

ISEG e Ensino Superior

Entre algumas desculpas de falta de tempo, cá vem o prometido artigo sobre o ISEG que tinha sido acordado. Em primeiro lugar quero desde já avisar que este post não é se aplica só ao ISEG, mas a toda a estrutura de ensino superior em Portugal. Em segundo peço-vos que não considerem estas ideias como radicais, mas como base mestra do meu pensamento sobre este tema, que logicamente está sempre pronto para analisar uma ou outra excepção.

Antes de irmos para o ensino superior português temos que, na minha opinião, pensar na estrutura do ensino superior a nível europeu e depois a nível internacional. Ou seja, por exemplo os licenciados em Economia e Gestão pelo ISEG não competem só com as faculdades nacionais, mas internacionais. Esta, na minha opinião, é a premissa que os senhores que decidem as políticas a adoptar devem ter presente para tirar as suas conclusões.

Isto deve-se ao facto, de uma maneira geral, à crescente globalização do mercado de trabalho qualificado a nível internacional (e o facto dos portugueses começarem, timidamente, a usufruírem disso), e depois de coisas mais específicas, como é o caso da mobilidade total de pessoas entre o grupo dos 15. Adicionado a isto temos o inevitável tópico do tratado de Bolonha que pretende uniformizar a formação europeia por razões do próprio reconhecimento dos graus de habilitação entre os países.

Não vou entrar na discussão do 3+2+2 ou o raio que o parta, pois isso é de foro dos académicos. A conclusão principal que chego é que temos claramente a vitória do sistema de ensino anglo-saxónico, ou seja, eles acabam por ter que estudar menos tempo para atingir o mesmo grau de habilitações. Por outro lado esta vitória manifesta-se também pela simples comparação das universidades onde leccionam os laureados pelos prémios Nobel nos últimos 10 anos. Isto significa que finalmente podemos abandonar aquela ideia de que a universidade é um sítio onde o aluno cresce pessoalmente (pode continuar a ser de certa forma) mas é predominantemente o sítio onde se formam pessoas tecnicamente capazes de desempenhar uma tarefa específica. Temos que encarar isto com naturalidade e as faculdades têm que ter isso em mente quando definem as suas estratégias. Outro tendência importante é que a licenciatura (o equivalente a um bachelor em termos internacionais) perde cada vez menos a sua importância e cada vez mais é exigido um master a nível Europeu (em muitos países europeus, incluindo os países da Europa de Leste a maioria dos alunos só considera os seus estudos terminados após o mestrado, que faz directamente)

Agora como tornar uma faculdade qualquer mais competitiva no mercado das faculdades? Primeiro vamos escolher os critérios: o número de papers produzidos por docente; as investigações realizadas pelos centros de estudos; a participação e convite de docentes da faculdade para participar em sessões de decisão política a nível Europeu (gostaria de saber quantos funcionários da Comissão Europeia na parte de Economia são do ISEG, por exemplo); qual o reconhecimento do mercado pelos economistas e gestores formados pelo ISEG – um critério simples: rendimento anual médio após dois anos da finalização da licenciatura; Qual a percentagem dos alunos do ISEG que passa a primeira fase de selecção das empresas que recrutam no ISEG (sei de um caso preocupante no ISEG) em comparação com as outras; tempo de colocação após finalização do curso… e por aí além.

Depois de definidos os critérios, falta ir às estratégias. Estas estratégias, defendo-as para o ensino superior português em Geral e não só para o ISEG.

1. Defendo que a maneira de que possa haver mais pressão por parte dos alunos para casos onde se pode melhorar o ensino deva imperar o princípio do consumidor pagador, ou seja, acho que os estudantes devem pagar os seus estudos tal como nas privadas. (Isto tinha outra coisa interessante que era a diminuição do investimento do estado e mais direccionado para as empresas financiarem as universidades de onde querem recrutar)

2. A escolha de faculdade passava a basear-se na qualidade de ensino e da potencial colocação… mais, o mercado a pressionar para a direcção da escola ministrar uma melhor educação; por outro lado há mais pressão para acabar o curso quando deve ser ( e também a possibilidade de interromper quando quiser para fazer outras coisas entretanto ;-))

3. Como o valor das propinas e dos patrocínios ia directamente para os salários dos professores creio que mais uma vez contribuiria a melhoria da qualidade de ensino em Portugal através da avaliação a que estariam sujeitos

4. O pagamento do curso não será tão chocante, quando se ver pela perspectiva de que daqui a alguns anos todos os alunos têm que fazer um mestrado… e este é pago. Será simplesmente uma extensão daquilo que já existe à licenciatura

5. Como existe uma Externalidade positiva para o pais o facto de se ter mais licenciados, acho que o Estado deveria focalizar o seu financiamento para a parte da investigação científica e para projectos de estudo… que é normalmente a parte onde se tem menos estratégia nacional na minha opinião… critérios têm que ser definidos… que investigação científica interessa mais ao pais e por aí adiante… Criação de condições para os portugueses mais bem formados lá fora possam realmente voltar para Portugal… Empresas privadas a financiar isto tb…

6. O processo de financiamento para estudantes sem possibilidades deverá ser feita através de linhas de crédito especiais negociadas com as instituições financeiras (porque não um subsidio para pagar (ou ajudar a pagar) os juros? começar a pagar 2 anos após o curso estar terminado…)

Acho que para além de trazer uma solução onde aumenta a competitividade e qualidade do ensino superior em Portugal, iria trazer uma questão de justiça social. Porque razão, num país onde se têm só 12% da população licenciada, os impostos de todos pagam os estudos de um grupo que à partida vai receber um salário em média bastante superior ao resto da população?

 

Miguel Frasquilho

Ao ler um artigo sobre esse grande guru no economia pura lembro me imediatamente de escrever também eu um artigo sobre ele. Uma vez estando eu na livraria do El Corte Inglés vejo esse grande chegar e fazer algo de vergonhoso, comprar o semanário económico para esconder o exemplar de A bola, que também ia comprar. Mas o que me chocou não foi ver um deputado comprar A bola, nem foi ter visto ele ter vergonha de comprar A bola, o que me chocou foi que o ouvi a falar com o funcionário dos armazéns e garanto (e é verdade!) que ele disse três frases sem dizer "choque fiscal".

 

Será Keynesianismo?

Viagem de Morais Sarmento a São Tomé custou 65.200 euros, o Morais Sarmento ainda pediu a demissão (desculpas não se pede evitam-se) mas o primeiro-ministro recusou-a. Talvez seja uma medida de politica económica Keynesiana de abrir e tapar buracos, vejamos... O dinheiro é injectado numa empresa que vai gastar esse dinheiro que vai entrar noutras empresas que o vão gastar... Isto pode ser um multiplicador muito grande e talvez o causador da retoma económica e quando ela ai tiver quero ver quem vai agradecer ao Morais Sarmento.

terça-feira, janeiro 11, 2005

 

Porquê sr.Engenheiro?

Se houve houve alguma caracteristica positiva da ultima campanha presidencial nos EUA (a 1ª que segui com mais atenção)foi a transparência dos debates entre os dois candidatos, que apesar de todas as regras e "circo", tinham um só objectivo - mostrar aos eleitores as ideias de Bush e de Kerry e clarificar as diferenças entre os dois. E a principal causa desta transparência foi precisamente a divisão de temas, 1 por debate , o que obrigava a que durante mais de 2 horas os candidatos teriam de se cingir a discutir um tema.
Na altura achei que um modelo deste género seria desejável para Portugal, já que as nossas campanhas são tudo menos esclarecedoras.
Depois de ler esta notícia,

O PS recusou hoje o desafio lançado pelo PSD para um debate entre os líderes socialista, José Sócrates, e social-democrata, Pedro Santana Lopes, dedicado exclusivamente à economia do país.

fiquei a saber que o Engenheiro das Novas Fronteiras prefere a campanha clássica de comícios e bandeiras, fugindo a um debate exclusivo para as questões económicas.. Ele que até estava a frequentar um MBA para falar de Economia...

Não é que esperasse que o debate fosse muito conclusivo ou rico no seu conteúdo, mas sempre serviria para nos elucidar das propostas (que até agora não existem) de um e de outro partido, e seria melhor do que ouvir à segunda Santana Lopes prometer 100 mil postos de trabalho e Sócrates à Terça garantir a criação de 150mil novos empregos...

 

Cócózinhos da cidade

Isto já começa a chatear primeiro foi o brinde do bolo rei...depois a matança do porco...depois o bagaço...depois pisar as uvas...agora é o galheteiro! "Restaurantes vão deixar de usar galheteiros a partir de Janeiro de 2006", assim o galheteiro torna-se um objecto em vias de extinção... o que vai ser a seguir? Irritam-me estes movimentos puritanos da boa higiéne é que há coisas que não fazem sentido, azeite em embalagens individuais? Em contacto com o plástico? Vamos assistir á "Mcdonalidização" de todos os restaurantes? Já me estou a ver beber um copo de vinho tinto em copos de papel...



 

Não é que ele desta vez escreveu alguma coisa de jeito?

Ressaca

Não é uma crónica perfeita... Mas vindo de quem vem, surpreende-me. Até porque não diz (directamente) mal do Estado, nem critica o PS e a esquerda nem muito menos clama por intervenção divina.

 

Podiam não dar tanto nas vistas?

Ao sair de uma aula constato que o ultimo conferencista do nosso projecto de seminário vai ser o Manuel Pinho o responsável económico do Novas Fronteiras e vai ser conferencista na véspera desse fórum começar e lembro me logo do titulo deste post...Mas a história não acaba eis que chego à sala de informática vou ver o programa do novas fronteiras e vejo que 4 (quatro!) professores meus deste semestre vão ser oradores no Novas Fronteiras!

 

As coisas que eu penso...

Se os agentes forem racionais (e todos aqueles sonhos da concorrência perfeita) não existia publicidade, e sem publicidade não havia negócio publicitário e sem ele não havia internet e tv, e se isso não houvesse eu não estava aqui. Mas eu sou racional, logo...não estou aqui.

Desculpem...São oito da manha e estou à espera do professor de Politica Económica...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

 

VENDA-SE O OURO!!!!!

Este fim-de-semana foi produtivo em declarações bombásticas. Não, não me refiro à Paula Bobone que definiu a "Quinta das Celebridades" como um programa didático! Refiro-me antes à maravilhosa ideia do economista (??!!!!) Miguel Cadilhe que assenta na venda de parte do ouro e na redução do peso da função pública para relançar a economia portuguesa. Depois disto o que é que virá? O "guru" César das Neves a apregoar a vinda do salvador?!

Fica aqui o tópico....

FSS

PS - Com propostas destas até eu sou um grande "licenciado em economia"......

domingo, janeiro 09, 2005

 

É Milton Friedman Deus?

Quando era puto pequeno nunca tive posters no meu quarto, de nenhum tipo nem futebolistas, nem cantores, nem calendários de oficina. Sempre fui muito avesso a ter idolos e não sei explicar porque assim que todos esses comportamentos sempre me causaram estranheza (lembro de me chatear com uma amiga minha por causa da revista Ragazza), assim óbviamente causa me algum incómodo ver quando algumas pessoas que querem ser cientistas continuam (ou começam...) a ter atitudos de idolatração e ainda por cima nem são nada originais. Friedman, Hayek, são sempre os Deuses do costume. Mas serão eles realmente deuses?
O Friedman apesar de tudo percebe muito de economia mas por vezes tem umas saidas que não considero muito adequadas, uma delas é a explicação de 1929 (que o Nuno como bom religioso fez copy paste qual César das Neves a citar as escrituras) e outra distinta (embora que não independente...) é a sua do paper de 1953 segundo a qual as hipóteses do modelo não importam muito mas o que interessa são as previsões, como resposta deixo a de um outro Chicago Boy que ando a ler (eu e esta mania de só citar as coisas que leio...):

We could have predicted, over the last few years what the American government's policies on oil and natural gas would be if we had assumed that the aim of the American government was to increase the power and income of the OPEC countries and to reduce the standard of living in the United States. But I am sure that we would prefer a theory that explains why the American government, which presumably did not want to bring about these results, was led to adopt policies which harmed American interests. Testable predictions are not all that matters. And realism in our assumptions is needed if our theories are ever to help us understand why the system works the way it does. Realism in assumptions forces us to analyze the world that exists, not some imaginary world that does not.
Ronald Coase

This page is powered by Blogger. Isn't yours?